Para lidar com a inclusão de Pessoas com
Necessidades Educacionais Especiais (PNEEs), é preciso abandonar a idéia
equivocada de que o professor tem que se preparar para atender alunos
com deficiência.
Segundo Maria Tereza Matoan
não existem métodos de ensino especiais para se ensinar os conteúdos
curriculares para esses alunos. “O professor não tem que aprender como
ensinar matemática para alunos com deficiência. Ele tem de se preparar
para atender a todas as crianças. O ensino escolar vai mal porque a
escola continua repetindo no século XXI o que foi a escola do século
XVIII", aponta a psicóloga.
Ainda segundo
ela, a preparação dos professores comuns deve passar pela naturalização
de seus métodos, práticas de ensino, avaliações, entre outras tarefas,
que estão muito defasados. “Por outro lado, os professores da educação
especializada precisam também aprender a distinguir as suas funções das
dos professores comuns, ensinando, sem repetir nas classes especiais, o
que é próprio da escola comum, como acontece muito, até hoje, nas
escolas especiais”, completa.
Ainda segundo a
psicóloga, as escolas estão sendo preparadas para receber esses alunos,
a partir da presença deles nas escolas. “Aprendemos a fazer, fazendo”,
diz ela.
“É óbvio que se as crianças são
segregadas em escolas especiais, não há necessidade de as escolas comuns
se prepararem para recebê-las. Como agora, elas estão sendo
encaminhadas às escolas comuns, tudo muda”, completa.
Para
a educadora Tânia Regina Laurindo, o primeiro passo da inclusão é
entender e aceitar que cada criança tem um ritmo, tendo ela uma
necessidade especial ou não. É preciso conhecer a criança sem o rótulo
de uma doença. “Vivemos numa sociedade que impõe padrões e se a criança
não se enquadra, ela está fora, fora do mundo, fora da escola. Para
trabalhar com a criança com uma necessidade especial, seja ela qual for,
física ou neurológica, o professor tem que se desprender do
preconceito”, acredita. Além disso, a escola precisa de um bom projeto
pedagógico. No projeto coordenado por Laurindo o conteúdo a ser ensinado
é adaptado conforme a necessidade e o interesse do grupo. A escola
recebe dois alunos portadores de necessidades especiais por sala com, no
máximo, 25 alunos. “Não adianta trazer a criança para a escola e
simplesmente colocá-la sentada na sala. Há que se desenvolver novas
maneiras para atingir essa criança. Trabalhar com inclusão numa escola
dizendo que todos devem abrir o livro na página tal pode excluir ao
invés de incluir a criança com necessidades especiais, porque ela vai
perder o interesse, vai se isolar”, acredita a coordenadora.
Apesar
das dificuldades, entretanto, a convivência com outras crianças é
fundamental, porque isso permite à criança ter o referencial do outro.
"Se ela convive só com crianças iguais, não pode aprender outros
parâmetros de comportamento que não os de crianças como ela. Ao
freqüentar a escola regular, portanto, ela tem ganhos sociais", explica
Carmem Minuzzi da Fundação Síndrome de Down.
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