Os pais, com justa razão, muitas vezes não sabem se o melhor é
matriculá-los numa escola regular ou especial
Os pais de crianças com síndrome de Down se defrontam com alguns dilemas
quando seus filhos atingem a idade de freqüentar a escola. Se questionam se
devem ou não colocá-los numa escola e se essa escola deve ser regular ou
especial. "A entrada dos filhos na escola, tanto na educação infantil
quanto no ensino fundamental, representam momentos marcantes para seus
pais", explica Fernanda Travassos Rodriguez, psicóloga, terapeuta de
família e doutoranda em psicologia clínica na PUC do Rio de Janeiro.
"Suscita temores ligados a adaptação e proteção", acrescenta.
Entretanto, é importante lembrar, esses dois momentos são distintos e geram
ansiedades especificas. "Porém, sabe-se que quando a inclusão é bem feita,
a socialização começa a se dar de maneira muito fluida", conta. Fernanda
Travassos lembra que o nosso modelo de educação tem um padrão que não contribui
muito para a inclusão. "Mas com freqüência percebemos boas experiências de
inclusão em escolas consideradas ‘alternativas’, são as escolas
construtivistas, a montessorianas, e outras", explica.
De acordo com a psicóloga, as duas opções apresentam lados positivos e
negativos. Ela explica: "Se de um lado a criança portadora da síndrome de
Down tem muito a ganhar em termos sócios afetivos permanecendo no ensino
regular, na maioria das vezes, estas escolas têm poucas alternativas para
oferecer a estes alunos na apreensão dos conteúdos em sala de aula. Em
contraste, as escolas especiais que, cada vez mais são escassas, no entanto,
foca-se mais no seu aprendizado formal, usando ferramentas adequadas para a sua
aprendizagem".
Fernanda Travassos enfatiza que é no ensino fundamental, quando este é
desenvolvido numa escola regular, que os problemas se tornam mais evidentes.
"É que a partir do ensino fundamental, quando a criança deve apreender
muitos novos conteúdos escolares e, na maioria das vezes, as turmas das escolas
regulares são grandes, não permitindo que o professor de uma atenção
especializada ao aluno".
Diante do exposto, a pergunta que se coloca é: por qual escola então optar?.
Fernanda Travessos alerta que não existe uma "receita de bolo" para
estes casos. Ela tem razão pois as crianças com síndrome de Down, assim como
outra criança qualquer, são muito diferentes entre si, tanto acerca de sua
personalidade quanto em relação aos diversos e variados interesses e
habilidades. Esses aspectos devem ser considerados pelos pais na hora da
fecharem sua decisão.
"Algumas vezes aconselhamos uma mescla destes modelos", diz a
psicóloga. Porém, quando os pais não conseguem escolher e sentem um peso muito
grande sobre a sua responsabilidade, argumentando de forma legítima que não são
especialistas em educação, eles devem buscar um profissional qualificado da
área de psicologia ou pedagogia para que os ajude a fazer essa opção de forma
coerente com o seu modelo de família e levando em conta a singularidade de seu
próprio filho. "Uma experiência exitosa para um amiguinho pode ser
desastrosa para o seu próprio filho, visto que cada indivíduo portador ou não
de síndrome de Down é única", ressalta Fernanda Travassos.
Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/sindrome-de-down-que-tipo-de-escola-e-melhor/
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