Jabes, 10, tem
deficiência física e mental. Bruna, 14, paralisia cerebral. Juliana e Rafael,
8, são paraplégicos. Vinícius, 13, cego. Além de serem crianças com
necessidades especiais, elas também têm em comum o fato de freqüentarem escolas
regulares e estarem na mesma classe de alunos não-deficientes.
A inclusão de crianças
deficientes em escolas regulares vem crescendo no país. O número de
matriculados cresceu 229% nos últimos cinco anos, segundo o Censo Escolar do
Ministério da Educação. Passou de 43.923 alunos em 1998, quando o censo
analisou pela primeira vez a situação dos alunos especiais, para 144.583
estudantes no ano passado.
No país, há 503.570
alunos matriculados com necessidades especiais --deficiências visual, auditiva,
física e mental. Do total, cerca de 30% freqüentam escolas que oferecem o
ensino regular --em 98, eram 13%. O restante está em escolas ou salas
especiais.
A recomendação para que
pessoas com deficiências sejam educadas na rede regular de ensino está na LDB
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação). O Brasil é também signatário de uma
declaração internacional que selou o compromisso de garantir acesso à educação
inclusiva até 2010.
Se por um lado o acesso
às escolas cresce a cada ano, por outro ainda são precárias as instalações
físicas, a oferta de material didático-pedagógico e a capacitação de
professores para o atendimento dessas crianças.
"Soubemos de um caso
de uma criança com síndrome de Down que fica perambulando durante o período de
aula pelos corredores da escola. Quem acaba tomando conta dela é a
copeira", afirma Edigilson Tavares, coordenador do Instituto Apae, que
oferece cursos de capacitação a professores do ensino regular.
Na opinião de José Rafael
Miranda, coordenador-geral de desenvolvimento da Secretaria de Educação Especial
do MEC, o problema não é falta de recursos. Há verbas federais e de organismos
internacionais para projetos que promovam a inclusão da criança deficiente nas
escolas, afirma Miranda.
"O país é riquíssimo
em leis que protegem as crianças com necessidades especiais. Mas falta
sensibilidade para alguns gestores da educação. Ainda há medo e
preconceito", diz.
Outro problema é a falta
de apoio terapêutico. Muitas das crianças que freqüentam as escolas regulares
não conseguem fazer as terapias necessárias (fisioterapia, fonoaudiologia,
psicologia, psiquiatria, entre outras) por falta de acesso a locais
especializados.
Em Itaquera (zona leste),
por exemplo, a fila de espera para ser atendido por uma psicóloga da rede
pública de saúde é de 2.000 pessoas. A rede também não dispõe de psiquiatra na
região.
"Quando conseguimos
vaga em entidades conveniadas, há o problema do transporte. Muitos pais
desistem do tratamento porque não têm como arcar com essa despesa", afirma
Maria Elisa Frizzarini, supervisora da coordenadoria de educação da
Subprefeitura de Itaquera.
É o caso da menina Bruna
Lima do Nascimento. Portadora de paralisia cerebral adquirida por problemas no
parto, ela não anda, quase não fala e apresenta movimentos bruscos
involuntários. Estuda com outros 30 alunos em uma sala da 2ª série do ensino
fundamental na escola municipal Benedito Calixto, no Jardim São Pedro (zona
leste).
A mãe de Bruna, Maria
Lopes de Lima, 45, diz que a filha deveria estar sob cuidados de uma terapeuta
ocupacional, mas não há dinheiro para bancar o tratamento. A única renda da
casa é a pensão de R$ 240 que a menina recebe em razão da sua deficiência.
Ainda assim, ela acredita
que a menina progrediu desde que passou a freqüentar uma escola regular.
"Ela já consegue pronunciar algumas palavras, aponta a sala de aula e
reconhece os colegas."
Entre os educadores, há
os que defendem a inclusão imediata das crianças em classes regulares e outros
que preferem a inclusão gradativa, na qual as crianças freqüentam primeiro uma
sala especial na própria escola, interagindo com os outros alunos em atividades
específicas, para depois entrarem em uma classe regular.
Para Miranda, do MEC, as
crianças com deficiências mentais, físicas, visuais e auditivas conseguem
inúmeros progressos em classes de ensino regular convivendo com o diferente.
"A
linguagem é acelerada e eles aprendem novos conceitos brincando com as outras
crianças", diz Sônia Silva, coordenadora de estudos e novas pedagogias da
Secretaria Estadual da Educação.
Fonte: http://www.pedagobrasil.com.br/educacaoespecial/cresceainclusao.htm
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